Juventudes e Escola Básica
DOI:
https://doi.org/10.17979/reipe.2015.0.02.518Palavras-chave:
Juventudes, Escola, Básica, ProfessoresResumo
Este artigo recorte de uma tese de doutorado situa-se no conjunto de investigações que têm se dedicado à problemática da produção de novas formas de subjetivação em funcionamento nas sociedades. Para tanto, sem pretensão de produzir conhecimentos absolutos, analisei uma reportagem intitulada “Com medo dos alunos” publicada em uma Revista de circulação semanal, mediante a qual busquei através da escuta, permitir que se explicitassem conteúdos e significados que vão sendo produzidos no jogo da linguagem, sempre politicamente interferido, acerca de quem é o jovem estudante da Escola Básica brasileira. Fazendo uso da cartografia enquanto metodologia de pesquisa no âmbito educacional e no escopo das chamadas pesquisas-intervenções, a escrita deste artigo foi atravessada por dois processos distintos. No primeiro movimento, dediquei-me a examinar o texto da Revista e, ao fazê-lo, busquei entender as formas de endereçamento utilizadas, quando da escrita da reportagem. Perguntei-me: Qual o leitor pretendido por este texto? No segundo movimento, percorri os efeitos dos textos, a partir da escuta sensível que fiz nos grupos focais, nas rodas de conversa, na vivência como orientadora educacional e professora. Perguntei-me: Quais os efeitos que esse texto provoca no leitor e que movimentos são desencadeados a partir disso? Para melhor analisar os impactos provocados junto a educadores (pais e professores) e jovens optei por sustentar minha análise, ancorada em quatro linhas de força. São elas: a Incorrigibilidade, a Vontade Moralizadora, o Ressentimento e Má Consciência e, a Nostalgia da Lei. Acredito que a relação com o texto suscitou um espaço agonístico onde proliferaram sentidos sobre as juventudes, e, nesta medida, espero ter contribuído para que, a partir da garantia de espaços de reflexão e discussão se pudesse reconhecer a diversidade dos modos de existir como jovem, no mundo contemporâneo.Pode causar estranheza o fato de que passados vários anos da divulgação do referido artigo,
(Edição 1904 de 11/5/2005) se volte a ele para pensar na forma como a juventude brasileira continua sendo narrada em distintos espaços. Assim, justifico a escolha não só por entender que se constituiu em um marco diferenciado ao investir fortemente na criação de uma determinada figura de jovem – avesso às regras e combinações - mas pelos efeitos que permanecem reverberando ao longo do tempo. Destaco que, entre outras, razões, o investimento aqui proposto poderá oferecer elementos que contribuam para a desconstrução de um sentido universal de juventude, ainda hoje presente na escola.
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