Entre a macrorreferencialização da avaliação do desempenho docente e a burocracia periférica
DOI:
https://doi.org/10.17979/reipe.2015.0.10.720Palabras clave:
avaliação de desempenho docente, macrorreferencialização, burocracia periféricaResumen
Estando enquadrada no paradigma weberiano da sociologia compreensiva e interpretativa, a análise apresentada neste texto decorre, mais latamente, de um estudo de caso focalizado na compreensão das dinâmicas macro, meso e microdiscursivas desenvolvidas em torno da avaliação do desempenho docente. Em linha com o quadro epistemológico sedeado nas ideias-base da sociologia compreensiva, optou-se por uma orientação metodológica que abarca algumas características de um estudo de caso. Em termos procedimentais, recorremos a várias técnicas de observação, designadamente, a entrevistas em profundidade com atores perspetivados como informantes chave do agrupamento de escolas observado, aos documentos oficiais e oficiosos escritos existentes, a testemunhos ou documentos pessoais e, a título de complementaridade, ao inquérito por questionário, vincando-se, assim, um esforço intencional para proceder ao exercício da “triangulação” de dados a partir de diversas fontes de evidência. Concretizamos uma proposta de interpretação e compreensão das diversas relações estabelecidas entre o discurso oficial e as decorrências operadas ou, pelo menos, suscitadas pelas dinâmicas produzidas ao nível das instâncias microinstitucionais do sistema educativo, em torno da prerrogativa de uma macrorreferencialização da avaliação do desempenho docente e dos movimentos (re)produtores da burocracia periférica. O trabalho de análise e interpretação dos resultados da nossa investigação leva-nos, num primeiro ponto, a destacar o efeito centro burocrático das referências macrodiscursivas, analisando a prerrogativa do eixo burocrático alusiva à macroestrutura do sistema educativo, a qual concretiza uma perceção da referencialização baseada no discurso oficial do significado do desempenho docente e consequente avaliação. Porquanto, as estruturas, os normativos, as práticas e os comportamentos surgem, na perspetiva da face oficial do sistema educativo, estruturados e impostos heteronomiamente por via da normalização burocrática central. Num segundo ponto de análise e interpretação dos nossos resultados empíricos, discutimos as lógicas do engajamento dos atores escolares operadas a partir da burocracia periférica, a qual nos remete para a esfera do eixo da burocracia periférica, com os designados movimentos integradores da avaliação, vislumbrados a partir de uma socialização socioprofissional, operada em conformidade com a norma central e das consequentes tendências para a (re)produção do padrão avaliativo central. Como principais conclusões, destacamos, por um lado, a concretização de um esquema de engajamento organizacional de onde sobressaem a lideranças “emergentes”, sedeadas num novo locus de autoridade e poder legais. Por outro lado, alertamos para o efeito da subordinação hierárquica de matriz gerencialista, enquanto tecnologia de regulação periférica da ação dos docentes, a par de um reforço do efeito regulamentar exercido a partir do centro.Descargas
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