A voltas co uso do artigo nas denominacións toponímicas

Resumo

O objeto do presente trabalho é estudar a natureza e funções do artigo que, numa grande percentagem de casos, tanto em galego como em espanhol, precede os nomes de lugar como em A Coruña, Os Peares, El Escorial, Los Monegros. A ideia, geralmente assumida, de que este artigo forma parte do próprio topónimo só é certa num reduzido número de casos, como os de Oporto ou Alcalá em espanhol, ou, em galego, Arriba, Ocastro e Acernada, porque, para além de estarem graficamente aglutinadas ao topónimo, já não se sente nem funciona como verdadeiro artigo.
Pois bem, segundo se argumenta nas páginas que se seguem, normalmente o artigo que precede os topónimos ainda funciona como tal artigo, constituindo, portanto, um vocábulo em si mesmo que, obviamente, não pode ser interpretado como constituinte do nome próprio que acompanha. Com esta forma o que aqui vamos chamar sintagma denominativo, onde tal apêndice gramatical pode desempenhar três funções bem diferenciadas: a anafórica (por exemplo, en o Miño, o Pindo, el Ebro), a recategorizadora (assim, en a Galicia medieval, el Madrid de los Austrias) e, finalmente, a pleonástica, como, por exemplo, en A Coruña, La Rioja. É certo que, neste último caso, o artigo se encontra mais unido ao nome –daí o costume de se grafar com maiúscula inicial–; porém, continua a comportar-se como tal, como o demostra o facto de ser incompatível com outro artigo de carácter anafórico ou recategorizador (por exemplo, en a Coruña de antes da guerra / *a A Coruña de antes da guerra), ou que, precedido de certas preposições, se funde com elas (assim, Vai na Coruña, Anda polas Pontes). A conclusão que se tira de tudo isto é que o artigo pleonástico é igualmente traduzível que o anafórico e recategorizador quando se fala ou se escreve numa língua diferente à língua original do topónimo: Nació en la Mariña, Veño das Batuecas.