A navegante e a vaidosa: reescrituras de Penélope e Helena na literatura galega

Resumo

Nos últimos tempos, as reescritas mitológicas que tratam de introduzir aspetos ideológicos revisados no mito hegemónico são assaz frequentes. As reinterpretações feministas são especialmente abundantes e, entre elas, a personagem de Penélope revela-se bastante popular. Penélope ora se cansa de esperar por Ulisses, ora quer ela mesma viajar ou opta por uma solução que não sacrifique a sua independência. Enquanto Penélope se transforma em ícone feminista, Helena de Troia, a personagem que tradicionalmente representou o seu contraponto, ainda não viu a sua imagem revisada. Neste aspeto, a literatura galega não é uma exceção: Penélope aparece na obra de autores que lhe concedem um alto valor simbólico ou que a transformam em dona do seu destino. Porém, as obras que incluem Helena são bem mais escassas e a esposa de Menelau continua a representar a vaidade unida à beleza física. No presente artigo centramo-nos numa análise comparativa das diferenças entre as recriações mais recentes de ambas as heroínas, para vermos como só a primeira foi transformada de forma significativa. Não entramos, portanto, noutro tipo de considerações, já tratadas pela crítica anterior.