A queda de um Diretor Geral. O estranho caso do inquérito de 1945 ao Ensino Liceal Feminino e o seu debate
DOI:
https://doi.org/10.17979/srgphe.2022.26.0.9242Palavras-chave:
Coeducação, Educação Nacional, Ensino Liceal, igualdade de género, profissão docenteResumo
Em 1945 a Educação Nacional, versão salazarista da Educação totalitária caraterística dos regimes fascistas, estava já profundamente implantada em todo o Sistema de Ensino Português. A maioria dos liceus era de frequência mista, onde se praticava uma propalada coeducação profundamente vigiada. Neste contexto, o Diretor Geral do Ensino Liceal enviou, no final de 1945, para os Liceus um inquérito sob o título de Ensino Liceal Feminino. Nele se questionavam os reitores e os professores sobre a coeducação, mas também sobre a formação dos professores, a possibilidades destes lecionarem alunos que não fossem do seu sexo e, mesmo, problemas de ordem salarial. O questionário abriu um debate inédito entre os professores, nos liceus em que os reitores não o boicotaram, e causou uma rara polémica na imprensa do partido único e da Igreja, bem como na Assembleia Nacional, tendo terminado com a demissão e aposentação do atrevido e incauto Diretor Geral.
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