A mãe educadora: Análise do discurso psicopedagógico sobre a criança em idade pré-escolar em revistas de educação familiar (Portugal, 1945-1958)

Carla Vilhena; Antonio Gomes Ferreira; Luís Mota

doi:10.17979/srgphe.2024.28.1.11624

Authors

Carla Vilhena Centro de Investigação em Educação de Adultos e Intervenção Comunitária, Universidade do Algarve https://orcid.org/0000-0002-5524-5174
Antonio Gomes Ferreira Centro de Estudos Interdisciplinares, Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação, Universidade de Coimbra https://orcid.org/0000-0002-3281-6819
Luís Mota Centro de Investigação em Inovação e Educação, Escola Superior de Educação do Instituto Politécnico do Porto/ Escola Superior de Educação do Instituto Politécnico de Coimbra https://orcid.org/0000-0003-4014-9590

DOI:

https://doi.org/10.17979/srgphe.2024.28.1.11624

Keywords:

discurso psicopedagógico, educação para a maternidade, revistas de educação familiar, infância, Portugal

Abstract

This work aims to contribute to the understanding of the psycho-pedagogical discourse on pre-school children that circulated in Portugal in the 1940s and 1950s, through the analysis of speeches addressed to mothers, Speeches in two family education magazines - Os nosos Fillos e Saúde e Lar- . Our results show that there is concern about the way in which boys and girls are educated, as well as a belief that education for motherhood would be the solution to problems that mothers were concerned with. In this sense, information on child development is disseminated and mothers are advised on the strategies they could use to know and educate their children, lacking a scientific knowledge about the child and its education, functioning, magazines, as a vehicle for the dissemination of psycho-pedagogical discourse on childhood among Portuguese mothers.

Downloads

References

“Alguns erros na educação dos filhos.” Saúde e Lar 51 (1951):16-18.

Almeida, Virgínia de Castro e. “Quando a criança não ri.” Os Nossos Filhos 3, no. 57 (1947): 6.

Anjos, Juarez José. “História da educação da criança pela família no século 19: Fontes para uma escrita.” História da Educação 19, no. 45 (2015): 67-83. DOI: https://doi.org/10.1590/2236-3459/43619

Anjos, Maria S. “Formação do carácter.” Os Nossos Filhos 3, no. 59 (1947): 7.

Apple, Rima. Perfect motherhood: Science and childrearing in America. New Brunswick, NJ: Rutgers University Press, 2006.

“As crianças e o mimo.” Saúde e Lar 53, (1951): 21. DOI: https://doi.org/10.1080/00119253.1951.10743155

Azrak, Adrián. “El discurso psicológico en el campo educativo: una revisión crítica de su configuración histórica y su devenir actual.” Foro de Educación 18, no. 2 (2020): 49-170. DOI: https://doi.org/10.14516/fde.716

Bakker, Nelleke. “Before Ritalin: Children and neurasthenia in the Netherlands.”, Paedagogica Historica 46, no. 3 (2010): 383-401. DOI: https://doi.org/10.1080/00309230903387745

Beatty, Barbara, Emily D. Cahan, e Julia Grant, coord. When science encounters the child: Education, parenting and child welfare in the 20th century America. New York, Teachers College Press, 2006.

“Bélgica: Congresso Mundial da Infância.” Os Nossos Filhos 8, no. 189 (1958, fevereiro): 4.

Belo, Maria, Ana Paula Alão,e Iolanda Neves Cabral,. “O Estado Novo e as mulheres.” Em O Estado Novo: Das origens ao fim da autarcia, 1926-1959 (Vol. 2), editado por João Freire, António H. de OIiveira Marques e Stephen R. Stoer. Lisboa: Fragmentos, 1987, 263-279

Bettencourt, Maria de Lourdes. “Disciplina infantil.” Os Nossos Filhos 8, no. 173 (1956): 11.

Bettencourt, Maria de Lourdes. “Inteligência infantil.” Os Nossos Filhos 8, no. 171 (1956): 10-11.

Bloch, Marianne N. “Governing teachers, parents, and children through child development knowledge.” Human Development 43 (2000): 257-265. DOI: https://doi.org/10.1159/000022685

Boltanski, Luc. Prime education et morale de classe. Paris: EHESS, 1977.

Branco, Maria Eugénia. Vida, pensamento e obra de João dos Santos. Lisboa: Livros Horizonte, 2000.

Burman, Erica. Desconstructing developmental psychology. London: Brunner-Routledge, 2008.

Carolina, M. “O seu filho é inteligente?” Os Nossos Filhos 3, no. 58 (1947): 7.

“Consultório: Da alimentação e higiene infantil.” Os Nossos Filhos 3, no. 58 (1947): 24.

Correia, António. “Como criar filhos normais?: Que fazer para lhes dar boa saúde? Como evitar desastres? Quais os bons divertimentos? Devemos empregar a pancada?” Saúde e Lar 17, (1945): 6-7.

Correia, António. “O meu filho é endiabrado.” Saúde e Lar 18, (1945): 6-7.

Correia, António. “Por que não criamos Parques Infantis?”, Saúde e Lar 26, (1946): 8-9.

“Correio dos pais: Complexos infantis.” Os Nossos Filhos 7, no. 155 (1955): 5-6.

Cucchiara, Maria e Amy C. Steinbugler. “’The books make you feel bad’: Expert advice and maternal anxiety in the early 21st century.” Sociological Forum 36, no. 4 (2021): 939-61. https://doi.org/10.1111/socf.12748 DOI: https://doi.org/10.1111/socf.12748

Davis, Teresa, Hogg, Margaret K., Marshall, David, Petersen, Alan, e Schneider, Tanja. “The knowing mother: Maternal knowledge and the reinforcement of the feminine consuming subject in magazine advertisements”. Journal of Consumer Culture 22, no. 1 (2022): 40-60. https://doi.org/10.1177/1469540519889990 DOI: https://doi.org/10.1177/1469540519889990

Donzelot, Jacques. A polícia das famílias. Rio de Janeiro: Edições Graal, 1986.

Duarte, Maria da Graça da Fonseca. “Enurese.” Os Nossos Filhos 8, no. 175 (1956). 6-7.

“... e Lar.” Saúde e Lar 38, (1948): 21.

Errington, Kate. “You and your baby (home, husband and doctor): Maternal responsibility in the British Medical Association booklet (1957-1987)”. Medical Humanities 50 (2024): 292-305. https://doi.org/10.1136/medhum-2023-012864 DOI: https://doi.org/10.1136/medhum-2023-012864

Ferreira, António Gomes. “A criança e o seu desenvolvimento em discursos médicos e pedagógicos que circularam no contexto português (séculos XVIII a XX).” Educação em Revista 26, no. 1 (2010): 215-333. DOI: https://doi.org/10.1590/S0102-46982010000100011

Ferreira, Maria Manuela. Salvar os corpos, forjar a razão: Contributo para uma análise crítica da criança e da infância como construção social, 1880-1940. Lisboa: Instituto de Inovação Educacional, 2000.

Fontes, Vítor. “A tragédia da infância”, Os Nossos Filhos 7, no. 160 (1955): 6-7.

Fontes, Vítor. “Enurese infantil.” Os Nossos Filhos 4, no. 85 (1949): 12.

Fontes, Vítor. “Higiene Mental Infantil.” Os Nossos Filhos 5, no. 121 (1952): 4-5.

Foucault, Michel. É preciso defender a sociedade. Lisboa: Livros do Brasil, 2006.

Gal, Roger. “Educação tradicional e educação moderna”, Os Nossos Filhos 3, no. 57 (1947): 7.

Giddens, Anthony. As consequências da modernidade. Oeiras: Celta, 2005.

Gomes, Virgínia Jardim. “Breves considerações sobre a segunda infância.” Os Nossos Filhos 2, no. 45 (1946): 8.

Grant, Julia. Raising baby by the book: The education of American mothers. New Haven: Yale University Press, 1998.

Hays, Sharon.The cultural contradictions of motherhood. New Haven: Yale University Press, 1996.

Hollway, Wendy. “Family figures in 20th-century British 'psy' discourses.” Theory & Psychology 16, no. 4 (2006): 443-464. DOI: https://doi.org/10.1177/0959354306066200

Hulbert, Ann. Raising America: Experts, parents and a century of advice about children. New York: Vintage Books, 2003.

Knibiehler, Yvonne. Histoire des mères et de la maternité en Occident. Paris: PUF, 2000.

Luís. “A missão do educador.” Os Nossos Filhos 2, no. 40 (1945): 8.

Lisboa, Irene. “A primeira educação. Casas de Crianças: Montessori, ainda”, Os Nossos Filhos 6, no. 143 (1954): 6-7.

Lisboa, Irene. “A psicologia do desenho infantil.” Os Nossos Filhos 6, no. 130 (1953): 1.

Manso, Maria Luísa. “A educação musical da criança.” Os Nossos Filhos 3, no. 51 (1946): 16.

Maria, R. “O quarto de brinquedos dos meus filhos.” Os Nossos Filhos 3, no. 49 (1946): 23.

Martin, Ruth. “Dirija inteligentemente o seu filho prodígio.” Os Nossos Filhos 7, no. 157 (1956): 11.

Mendes, O. J. M. “Factores de desenvolvimento mental.” Os Nossos Filhos 5, no. 101 (1950): 5.

Mira, Ferreira de. “Educar e instruir.” Os Nossos Filhos 2, 36 (1945): 6-7.

Montessori, Maria. A criança. Lisboa: Portugália, 1952.

Morais, Maria Palmira Tito de. “As ‘birras’.” Os Nossos Filhos 3, no. 53 (1946): 8.

Nóvoa, António, coord. Imprensa de educação e ensino, repertório analítico (séculos XIX-XX). Lisboa: Instituto de Inovação Educacional. 1993

Ó, Jorge Ramos do. “A ‘criança problema’ e o seu governo em Portugal e no Brasil (1880-1960): Discursos e práticas.” Em Emergência e circulação do conhecimento psicopedagógico moderno (1880-1960): Estudos comparados Portugal-Brasil, editado por Jorge Ramos do Ó e Luís Miguel Carvalho, 15-154. Lisboa: Educa, 2009.

“O desenvolvimento psíquico do bebé.” Os Nossos Filhos 5, no. 106 (1951), 5.

“Os teus problemas, Mãezinha!” Os Nossos Filhos 6, no. 138 (1953): 7.

“Os vossos problemas: Correio dos pais.” Os Nossos Filhos 8, no. 177 (1957), 3.

“Os vossos problemas: Correio dos pais”, Os Nossos Filhos 8, no.180 (1957): 3.

Peskowitz, Miriam.The truth behind the mommy wars: Who decides what makes a good mother? New York: Seal Press, 2005.

Petersen, Sabine. “A fase “edípica” nas crianças será inevitável?” Os Nossos Filhos 4, no. 83 (1949): 4.

Pires, Maria Luísa Tôrres. “Mãezinha! Esqueça as preocupações e faça felizes os seus filhos!” Os Nossos Filhos 7, no. 164 (1956): 4.

“Quem tem meninos pequenos.” Os Nossos Filhos 3, no. 54 (1946): 10.

Rawlins, Roblyn. “Raising ‘precocious children: From nineteenth-century pathology to twentieth-century potential”. Em When science encounters the child: Education, parenting and child welfare in the 20th century America, editado por Barbara Beatty, Emily D. Cahan e Julia Grant. New York, Teachers College Press, 2006. 77-95

Rodrigues, José Francisco. “Conheça os seus filhos!” Os Nossos Filhos 2, no. 33 (1945): 9.

Rodrigues, José Francisco. “Conheça os seus filhos!” Os Nossos Filhos 2, no. 38 (1945): 7.

Rose, Nikolas. Governing the soul: The shaping of the private self. London: Free Association Books, 1999.

Rose, Nikolas. Powers of freedom: Reframing political thought. Cambridge: Cambridge University Press, 1999. DOI: https://doi.org/10.1017/CBO9780511488856

Roux, Sébastien, e Anne-Sophie Vozari. “Parents at their best: The ethopolitics of family bonding in France.” Ethnography 18, no. 1 (2017): 3-24. DOI: https://doi.org/10.1177/1466138116687592

Ranjana Saha. “Motherhood on display: The child welfare exhibition in colonial Calcutta, 1920.” The Indian Economic and Social History Review 58, no. 2 (2021): 249-277. DOI: https://doi.org/10.1177/0019464621999308

Schreier, Margrit. Qualitative content analysis in practice. London: Sage, 2012. DOI: https://doi.org/10.4135/9781529682571

Silva, S. “A ambiência familiar.” Os Nossos Filhos 2, no. 35 (1945): 6.

Skagius, Peter. “’Don’t worry’: Figurations of the child in a Swedish parenting advice column”. History of Psychology 23, no. 2 (2020): 154-75 DOI: https://doi.org/10.1037/hop0000138

“Tenho 3 filhos.” Os Nossos Filhos 8, no.180 (1957): 3.

Tièche, Maurice. “Pais!... Não se desgostem se o seu filho é canhoto.” Saúde e Lar 104, (1956): 10-11.

“Uma conferência no Porto, sobre a acção moral e educativa no seio da família.” Os Nossos Filhos 2, no. 33 (1945): 14-15.

Vasconcelos, J. de F. “A família e a educação.” Os Nossos Filhos 2, no. 47 (1946), 7.

Vicente, Carmélia. “Os conflitos familiares lançam o pânico e a insegurança na alma das crianças sensíveis.” Os Nossos Filhos 8, no. 191 (1958): 19.

Vidigal, Maria José, Maria Isabel Braga Queiroz, Maria Manuela Cruz, Maria Paula Grijó dos Santos, e Maria Teresa Guapo. Memórias de utopias: Elementos para a história da saúde mental infantil em Portugal. Lisboa: Instituto Superior de Psicologia Aplicada, 1999.

Vilhena, Carla, e António Gomes Ferreira. “Formar bem as mães para criar e educar boas crianças: As revistas portuguesas de educação familiar e a difusão da maternidade científica.” História da Educação 18, no. 44 (2014): 99-127.DOI: https://doi.org/10.4025/actascieduc.v46i1.68980 DOI: https://doi.org/10.1590/S2236-34592014000300008

Vilhena, Carla, António Gomes Ferreira, e Luís Mota. “Para uma compreensão da lenta e inevitável evolução da Educação de Infância: Análise do discurso sobre a Educação de Infância no Estado Novo português (1933-1974).” Acta Scientiarium 46 (2024): e68980. DOI: https://doi.org/10.4025/actascieduc.v46i1.68980 DOI: https://doi.org/10.4025/actascieduc.v46i1.68980

Wagner, Peter. A sociology of modernity: Liberty and discipline. London: Routledge, 1998.

Warner, Judith. Perfect madness: Motherhood in the age of anxiety. New York: Riverhead Books, 2005.

Williams, Sasha Emma. “Redrawing the line: An exploration of how lay people construct child neglect.” Child Abuse & Neglect 68 (2017), 11-24. DOI: https://doi.org/10.1016/j.chiabu.2017.03.014

Young, Jacy L. “G. Stanley Hall, Child Study, and the American public.” The Journal of Genetic Psychology 177, no. 6 (2016): 195-208. DOI: https://doi.org/10.1080/00221325.2016.1240000 DOI: https://doi.org/10.1080/00221325.2016.1240000